domingo, 1 de fevereiro de 2009

Carta para Fernando Pessoa, nesta.

Antes de começar a ler, saiba que o que tem abaixo é uma carta destinada apenas à uma pessoa: o Fernando. É de livre-arbítrio prosseguir ou não.
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Caro poeta,

Parei hoje para somente dar-te um pouco de atenção, em muitos desabafos teus, te notei triste, incompreendido, desgostoso. Acredito que tenha sido uma fase de descobertas, pois ao meu ver, quando criança nós buscamos as repostas do que é a vida, nos sentimos seguros ao lado de adultos (geralmente nossos pais) por acharmos que os tais sabem tudo da vida. Depois percebemos que os adultos nada sabem, e sentimos saudade daquele universo em que vivíamos na nossa pureza infantil. Sei que me entenderia, pois tu mesmo citaste que só as crianças são verdadeiramente literárias, por dizerem realmente o que sentem, como: "tenho vontade de lágrimas" ao invés de "tenho vontade de chorar", como diria qualquer adulto.

Mas não é disso que quero tratar, por me perder no universo de tantas palavras que deixaste, acabo por desviar o verdadeiro motivo de hoje escrever-te.

Bom, chegou o dia em que alguém (no caso: eu) parou para ao menos tentar compreender-te. Tu que deixaste um texto chamado "
Penso às vezes", talvez nunca fosse imaginar que quase um século depois alguém te responderia.

A princípio eu ia apenas ler, como fiz com todos os outros, mas me vi na obrigação de responder-te, se é que outra pessoa não já o fez.

O que eu quero mesmo dizer-te, caro Pessoa, é que hoje não é muito diferente do século 20. Admito que eu fiquei com uma ponta de felicidade ao me dar conta disso, pois eu, que sempre achara ter nascido no século errado, dei-me conta de que sempre foi e sempre será assim: ninguém compreenderá ao certo as escritas de um poeta (chamo de poeta todos aqueles que transformam em palavras as confusões criadas em suas mentes / corações).

Sim, cumpriste bem o dever-nato da parte do século em que viveste. Mas repito: hoje tudo é igual!
Sabe o amor que tiveras por quem tu chamavas de Bébé? (Ophelinha?) Pois! É igual a qualquer amor de hoje, pelo menos aos daqueles mais sensíveis (sim, porque o que muda é que na medida em que o tempo passa, a população tende à aumentar, logo, pessoas insensíveis hoje em dia são muito mais comuns do que na tua época - nisso tiveste mais sorte que eu).

Então, Pessoa. Não sei se te deixo triste ou feliz com esta carta, minha intenção foi das melhores. Queria que soubesse que tu nunca foste um louco ou coisa parecida, talvez tivesse princípio de depressão, não sei... um tanto dramático, eu diria. Mas nem por isso deixo de admirar-te. Ah! E perdôo por dizer que "o poeta é um fingidor", entendo que apenas queria despistar àqueles que tentaram invadir a tua intimidade.

Outra coisa... Não, não é nada! (aprendi contigo)

Da mera mortal (?),

Milena Palladino


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Voltando ao blog:

Encantada com a obra "Drágeas" de Camille Kachani:


(Fotos "caradepaumente" roubada do blog do Py)

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Ah! Viva Yemanjá! Rainha do mar.

(2 de Fevereiro)

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